A descolonização do poder


Autonomia Literária

No desenvolvimento do capitalismo, o Estado ocidental amparou seu poder no monopólio da força e na centralização do poder. Assim como existia apenas um deus, ou um rei, também deveria existir apenas um soberano. Essa visão de Estado fez com que povos fossem dizimados em meio a colonização das Américas. Entretanto, muitos povos lutaram e resistiram. Como é o caso do Brasil, onde indígenas resistem há mais 500 anos processo sanguinário de dominação. Para debater sobre a resistência dos povos indígenas e suas linhas de fuga, convidamos a guerreira indígena Are Rete (Guarani Nhandewa-Paraty) e dramaturgo antropofágico Zé Celso (Teatro Oficina). A mediação de Jean Tible, autor de Marx selvagem.

Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=UEBmSTvxdME&t=1975s> Acessado em janeiro de 2021.


Jean Tible

Boa tarde. Vamos começar nossa conversa sobre a descolonização do Poder. A deputada estadual Érica Malunguinho, lá do Aparelha Luzia e deputada estadual pelo PSOL de São Paulo, não pode comparecer. Nós temos a presença da indígena Are Rete (Guarani Nhandewa-Paraty) e dramaturgo antropofágico Zé Celso (Teatro Oficina).

A FLIPEI é o barco pirata. Os piratas têm uma imagem forte, qualquer pessoa que ouvir pirata já aparece todo um imaginário. Mas vários historiadores recuperaram as imagens dos piratas, é interessante porque os piratas eram meio contra poder de um mundo extremamente autoritário. Os piratas eram um dos coletivos mais democráticos do seu tempo, com uma política menos hierárquicas, uma política diferente. Eles eram o oposto do abjeto navio negreiro que foi uma das primeiras prisões modernas e, ao mesmo tempo, uma das primeiras fábricas modernas, e esse vínculo tem tudo a ver até hoje. Eles também eram grupos multirraciais, escravos que haviam escapados, tinham outro contato com as populações ameríndias, outra relação com os povos do continente africano, então aqui chamamos barco pirata. E essa mesa, porque se a gente fala de descolonização do poder talvez seja também almejar e criar o fim do poder. Então nós somos aqui um barco pirata em terra Guarani e, por esse motivo, acho que faz todo o sentido começar com a Sandra Benites Ara Rete.

 

Sandra Ara Reté

Primeiramente quero agradecer ao convite, me sinto honrada em poder falar na beira da praia em Parati. Sou Guarani Nhandewa de origem no Mato Grosso do Sul. Parati é Para Ty (foneticamente é algo parecido com o som de ã mais puxado para o i). Na língua Tupy e na língua Guarani, Para é mar, ty é onde tem muitos mares, ilhas. A língua portuguesa tem muita dificuldade de falar Y que pra gente é água. Em português usa I para Y mas para a gente tem outro significado.

(Zé Celso convida o público presente para falar na língua tupy PARA Tÿ)

Atualmente existem no Brasil 305 etnias que são identificadas como etnias, mas aqueles que são aldeados, que moram nas aldeias, e 274 línguas faladas. Por exemplo Guarani e tantos outros, os Kaingang tem a língua como se fosse um espanhol com alemão. Eu sou Guarani falando com os Kaingang, é totalmente diferente. Por isso que o português vem sendo importante para a gente por conta da comunicação entre nós indígenas. Esses são identificados como indígenas e tem vários outros, por exemplo na cidade do Rio de Janeiro tem muitos indígenas que se chama do contexto urbano, tem indígena que não se reconhecem como indígena, nem como negro, nem como branco. E isso nem se discute porque tem muitos parentes indígenas que perderam o vínculo e perderam suas origens, de onde vieram, a qual etnia pertenciam. Eles ficam nessa angústia também. Isso não tem sido discutido, isso é uma questão. No Brasil, as cidades que invadiu a aldeia. Isso aqui era uma aldeia e hoje é uma cidade. Como Patary tem tantas outras.

Itaorna: ita – pedra mas que não é resistente. (Orna[1] – como se fosse podre. Pedra mole ou pedra podre). Vocês viram que a usina nuclear[2] na época. Na língua existe conhecimento, quero falar um pouco disso.

 

O que é DESCOLONIZAR? Eu não entendo o que é isso na língua portuguesa porque não é a minha língua. Eu tenho que adaptar essa palavra de uma forma que faça sentido para mim. Eu entendo que é... a gente fala oim-iporã[3]: encaixar no lugar. Esse ‘encaixar algo no lugar’ quer dizer ‘guardar no lugar certo’, falar oim-iporã é coisa boa, encaixar a coisa no seu devido lugar, encaixar. É o desafio para todos nós hoje. Por que digo isso? Eu entendo, enquanto guarani, enquanto mulher indígena, eu entendo que nós temos as nossas políticas. Aí já vem outro termo que eu tenho dificuldade de entender na língua portuguesa mas vamos, digamos assim, comparar... quando eu pergunto para os meus parentes, na nossa língua não existe uma palavra para política. Palavras políticas, para os meus parentes independente da etnia, eles dizem que é conversatório.

Io-manguetá: conversar, conversa grande...

Atê guaçú: atê é isso que a gente está aqui, se juntar para a gente falar. Falatório não é negativo, é uma fala de todos. E aí está um desafio nosso porque eu acredito que enquanto acadêmica também, para eu aprender e entender esse outro corpo que eu chamo de corpo território, porque o nosso corpo também é um lugar de sabedoria. O nosso corpo é o lugar da nossa sabedoria porque é o lugar do nosso corpo é a gente... onde tem história, tem espaço, tem o seu lugar. Por isso a educação precisa ser diferenciada para nós indígenas, tem lei que ampara isso, foi muita luta e sangue derramado de lideranças indígenas para conquistar essa educação específica para garantir... inclusive isso está sendo atacado hoje também. Mas isso é importante porque cada lugar tem sua própria história, tem seu próprio corpo. Estou dizendo isso porque eu comecei a percorrer e a compreender um pouco enquanto indígena porque eu vim de lugar diferente, eu tive que não me adaptar mas eu tive que me INCLINAR para conhecer o outro. Quero dizer que conhecer o outro não é tarefa fácil. Isso te causa dor também mas eu tive que me desafiar para poder equilibrar o meu conhecimento. O que é conhecimento? Conhecimento pr’agente é assim... porque se tem uma outra forma de pensar e, a partir disso que a gente tem que começar a dialogar para se entender, ou seja, pr’agente respeitar o limite do outro, quer dizer, o próprio corpo. Por isso que o nosso corpo tem trajetórias, tem experiência, tem sua história. Tem o seu próprio lugar também. Por exemplo, quem nora na cidade vai achar que os indígenas que moram nas casas de estuque é pobrezinho (já ouvi uma criança falar isso)... já ouvi tanta coisa... eu não culpo porque as crianças ainda não compreenderam o que é ser pobre. Um parente dizia: pode ser que a gente é pobre hoje porque empobreceram a gente. Mas ele não está falando de coisas, de objetos, ele está falando de conhecimento, de sabedoria, de bem estar, do bem estar do seu próprio corpo, ele está falando de ter autonomia. Quer dizer, pra você colocar, encaixar aquela peça que, da forma que você pensa, é um enorme desafio porque o outro pensa diferente de você. É por isso que eu acho que, infelizmente, as nossas sabedorias ainda não foram ouvidas.

Eu vim de uma aldeia e eu fui para a cidade, eu tive que me inclinar várias vezes, e isso foi importante apesar da dor que me causou, hoje eu posso dizer o que eu penso. Eu tive que aprender a falar português, tive que dançar de acordo com a música do local. Eu tive que aprender a falar, muitas vezes, palavras que não existam equivalentes na língua Guarani. Por exemplo, na língua guarani não existe palavrão e eu gostei de aprender os palavrões em português. O palavrão que eu gostei de aprender e que acho que faz sentido, é o foda-se (rs e aplausos).

Tem tanta coisa pra falar... vou apenas provocar ou sei lá como chamar isso... eu queria pensar que hoje eu acho que temos que pensar em dois aspectos o que é o Brasil de fato. O primeiro aspecto pr’agente entender, para a gente não ser muito... eu falei que as vezes dá uma tristeza porque o Brasil nos nega enquanto indígenas. Mas quando a gente aparece em alguma mídia ou algum lugar para falar, pra lutar pelos nossos direitos, somos mal vistos: “o indígena não tem nada o que fazer”... A gente recebe isso sempre. O indígena se manifesta, “ele é vagabundo”. “Esses seres humanos ainda existem?” É assim que a gente vive hoje, como refugiados do nosso próprio país. E falando em país, pelo menos eu pergunto para os meus parentes: o que é país? Eles dizem que não existe pais, quem colocou esse nome e essa divisão foram os não indígenas, esses que querem dominar o outro. Para a gente não existe país, existe fronteira para respeitar a diferença do outro e não a terra. Meus parentes dizem isso!

O segundo aspecto é o processo histórico: como foi construído o Brasil? os indígenas massacrados, que foram escravizados. Os Arcos da Lapa que foi construído pela mão escrava indígena, e outras várias coisas que foram acontecendo... toda a violência contra nós indígenas, isso não é contado. Então, apesar de ser muito triste para nós, só nós podemos contar isso. Então, como a gente vai descolonizar as coisas se a gente nega o outro e quer tapar o buraco, quer esconder toda a violência que o outro sofreu. Nós indígenas somos muito hospitaleiros, a gente recebe muito bem, quando a gente recebe o outro é sempre com muito carinho o que não é, muitas vezes, feito com a gente.

Por fim, um último ponto é esse: saber o saber do outro. Cada lugar tem os seus saberes, cada corpo tem os seus saberes. Esse é um grande desafio para nós enquanto seres humanos, enquanto instituições também. É importante se questionar sobre essas diferenças, eu me questiono todo dia sobre como eu vou lidar com essas diferenças do outro... nós indígenas não temos essa dificuldade de saber lidar com o outro, a gente é muito educado para saber receber o outro. Por exemplo: para nós Guaranis, todas as coisas têm o seu espírito. Por exemplo a água, o mar, o rio, a mata, os seres da natureza existem seus espíritos. Por isso que quando a gente vai tirar uma casca, uma árvore para fazer a casa, a gente pede para uydjá[4]. O que é uydjá? São os espíritos daquele que a gente vai tirar porque é pr’agente consumir por necessidade e não para a gente devastar porque isso prejudica o outro. Por exemplo, a pedra tem um uydjá muito bravo. Os nossos antigos dizem que as pedras dos uydjás são resistentes mas quando elas se desencantam, podem se mudar. Mas para que os espíritos das pedras se mudem, eles podem fazer tragédias. Isso é o desencantamento do espírito da pedra.

Ainda sobre essa questão do espírito, para nós não existem saberes genéricos. As mulheres tem os seus saberes a partir do seu próprio corpo. Os homens tem também os saberes a partir do seu próprio corpo. Eu fiz meu mestrado sobre isso para poder tentar explicar o que é o corpo, porque o corpo é importante, porque o espírito é importante. Fui pesquisar... por ser guarani e moradora numa aldeia não significa que eu saiba de tudo, não é isso. Então eu tive que pesquisar com os mais velhos, e eles disseram que as mulheres (meu trabalho foi com mulheres) e eu fui percebendo que as mulheres guaranis mais velhas geralmente, quem ensina os meninos são as mulheres, ou seja, as mulheres ensinam os homens. Isso acontece porque o nosso Nhandecy (a nossa mãe) é da terra. Ela é chão. A nossa mãe é a terra. Elas contavam essa história para os meninos e diziam: tem que saber pisar. Os Guaranis tem dança do guerreiro, mas o pisar da dança do guerreiro não é para ser forte, é para ter corpo leve e pisar leve. Homem de verdade significa pisar leve. Temos aí todas as danças, esse corpo que eles vão ensinar a ter um corpo paciente exatamente depende de vários elementos que tem entorno, por exemplo o rio, mata e tal. Eles vão aprender a retirar, fazer ritual para ir retirar essa árvore, fazer ritual para pescar. Então, se não existe mais terra, não existe mais mata suficiente para eles darem continuidade a essa sua sabedoria enquanto homem, isso está resultando em vários suicídios de meninos indígenas no Mato Grosso do Sul. No meu entendimento (não sou especialista), percebo, me parece que eles não estão encontrando o seu próprio lugar. Lugar de ensinamento, lugar de aprendizado porque isso depende muito de lugar também. O espaço e o movimento e os elementos que dão suporte para esses meninos para eles se identificarem como meninos... estou falando de ser, como devem agir, eles vão construindo durante esse ritual, durante cada etapa da vida deles. Para finalizar, eu pude perceber esses problemas que a gente está enfrentando hoje, e as mães dizem que (eu lembro da minha avó que me dizia...) toda vez que elas ensinam os meninos a terem corpo ativo, um corpo alegre. Homem verdadeiro na língua Guarani significa homem alegre, ativo, homem saudável é isso. Os homens tem que desconstruir aquele mal humor, tem que ter paciência... E tudo isso os meninos vão construindo durante esse processo do ritual. Esses problemas são as tragédias para a gente.

Falando da Nhandecy que é o corpo da mãe terra, o chão que a gente pisa, é o corpo feminino por isso que a gente tem que respeitar... no dia que o corpo feminino não seja respeitado, eles diziam que o mundo pode se revoltar contra a gente mesmo. Não à toa a gente fala do homem, a humanidade, o homem.... essas coisas todas eu venho tentando entender a partir da minha língua, da sabedoria dos meus parentes para poder entender um pouco. Eles falam essas questões... A gente tem essa ideia de que a gente tem que aprender a abraçar o mundo porque o mundo não vai te abraçar. Porque o mundo são vários, ou seja, o mundo somos nós mesmos.

O que mundo nós queremos para nós enquanto humanos? Enquanto mulher, enquanto criança... a gente olha e cumprimenta o outro. O Nhandecyr é o chão, e a figura masculina é o próprio o ar, o vento que a gente respira. Um cumprimenta o outro, em equilíbrio. Não existe na nossa língua uma palavra para igualdade, o que existe é equilíbrio. Obrigada.

José Celso

A tua fala é a fala de uma das melhores filósofas brasileiras atualmente. O pensamento indígena atualmente é o pensamento mais comunicativo que existe. Eu acho que nessa feira talvez a sua fala tenha sido das mais tocantes porque é muito concreto, muito concreta. Minha avó era índia, então eu tenho um verdadeiro culto à cultura indígena. Minha avó era índia tupi lá em São Paulo, casada com um português celta, mas a minha avó me ensinou muita coisa. E minha bisavó que já estava doida, plantando bananeira e rindo, velhinha.

Desde que descobriu um grande autor brasileiro, acho que um dos maiores poetas do mundo que é Oswald de Andrade, ele é muito conhecido no Brasil por ter feito o modernismo mas de repente 1928 e falou: “Eu não sou mais moderno. Agora eu sou o primeiro poeta do mundo pós-moderno fazer uma pós moderno”. Mas pós moderno para ele é um retorno à perspectiva dos índios, ele retorna à antropofagia e ele ensinou demais com a antropofagia. Eu pude ir atrás de saber que eu vejo em você é muito concreto.

A psicanalista Suely Rolnik, é muito parecido com o que você disse. A subjetividade como um corpo, como o lugar que ocupa... Tudo o que você disse é novo e, ao mesmo tempo, tudo o que você disse é o que existe de mais... (não gosto dessa palavra) vanguarda. Esse povo aqui presente, eu acho que esse povo está muito próximo do que você fala. As pessoas que estão te ouvindo, talvez nem elas imaginem o quão próximo elas estão do que você está falando. Por exemplo, pro movimento das mulheres, o que ela falou aqui é uma coisa cósmica, uma coisa maravilhosa, filha da mãe Terra, uma coisa extraordinária.

O Ailton Krenak, fiz uma mesa com ele e ele fez uma pajelança, me pintou todo. Adoro ele. Eu falei: “me vira índio de uma vez”. Na frente de todo mundo ele fez uma pajelança e eu fiquei muito feliz e me sinto cada vez mais índio. A tendência cultural do Brasil neste momento... Este homem aqui: Jean Tible. Parece nome daqueles franceses que escreveram sobre o Brasil no tampo da França Antártida... mas ele é de agora e escreve Marx Selvagem. Ele parte do Oswald de Andrade, esse antropófago, dizia para comer o marxismo, comer. Marxilar... Jean partiu daí e fez um estudo profundo do tempo que o Marx estudava, com o Engels, as sociedades primitivas. O Jean chega aos Yanomamis e a uma equação contemporânea que é... porque a grande contradição hoje do capitalismo especulativo, aquele de renda, o Thomas Piketty diz que viaja até lá em cima e fica para uma pequena minoria, a contradição é o índio, o pensamento do índio, não é mais o operário. Nós temos que aprender com os índios. Eu acredito nisso como eu acredito em mim, eu acredito na vida... Então vamos aplaudir mais o que a Are Reté falou... porque ela está séculos avançadas porque a grande coisa agora é voltar no tempo. É como dia o Oswald: as qualidades bárbaras mas tecnizadas. E o índio sempre foi tecnizado.

Quando nós começamos a trabalhar no teatro oficina com o vídeo, a gente vê os índios entrando nas repartições logo depois da ditadura e cercando as mesas, e todo mundo queria ver o vídeo... nós mostramos que foram os índios que começaram. O Oswald falava que nós temos que conservar as qualidades bárbaras, ou seja, aquelas que não são ocidentais cristãs como a pátria, família e essa merda toda. São as qualidades bárbaras... porque o Bárbaro, o Euclides dizia: Eu quero ser bárbaro, quero ser antigo como os antigos. Porque o chamado bárbaro é aquele que não está nessa sociedade, é o que está fora. E nós somos bárbaros porque nós conservamos as qualidades mais primitivas do ser humano: a grande paixão pela terra, o amor pela terra. O Euclides da Cunha, ele escreveu um livro porque ficou apaixonado pelo lugar, pelo povo do lugar. Ele foi junto com o exército para matar mas, de repente, ele viu a natureza, levou um susto com a natureza... com a seca, com aquelas árvores que estão na seca e quem tem água dentro. E de repente, o povo.

Mas voltando ao Marx Selvagem. Esse livro é muito importante, está na terceira edição (mostra o Marx Selvagem) e é importante. Eu fiz dois prefácios para esse livro porque o Marx Selvagem que interessa. Marxilar, aquilo que se liga a esta cultura da Ara Reté, que ela traz no corpo, de que ela fala e fala bem. Ela fala bem! É demais porque na busca da tradução da língua dela para a nossa língua ela encontra uma coisa maravilhosa e que é rara: a eloquência. Não é a eloquência da universidade, aquela coisa abstrata. Ela fala concretamente mesmo. Eu acredito em cada palavra que ela fala. Eu não sei se vocês sacaram a grande qualidade desta mulher, desta mensageira. Eu saquei, eu fiquei muito impressionado. Transformado, muito.

Amanhã eu quero voltar aqui para ler um texto do Machado de Assis sobre Canudos: Tudo Pirata. Éééé, ele ficou apaixonado com o que aconteceu em Canudos. Disse: Isso é poesia pura. Porque, veja: ele estava naquela vidinha rotineira, Machado de Assis, tudo é marcado, até o túmulo tem uma marca... é um texto extraordinário e que eu felizmente trouxe e tenho que ler aqui. Eu quero sagrar a pirataria através do Machado de Assis, um escritor negro que teve a grandeza de captar a importância do surgimento do povo de Canudos, que era um povo mestiço. Lá tinha negro, lá tinha índio, ex-escravos, tinha branco, enfim tinha de tudo, tudo misturado. Eram as pessoas que foram seguindo ele porque... ele amava uma mulher que dava para muita gente, uma mulher livre de sexo livre. O Antônio Maciel[1], primeiro nome do Antônio Conselheiro, em cada cidade que ele ia a mulher traia ele (eu não gosto dessa palavra porque não se trata de traição. É outra coisa. Como diz o Sócrates: a fidelidade não a uma pessoa mas a fidelidade ao amor, onde quer que ele soa) Então uma mulher livre, vai de cidade em cidade mudando porque no nordeste quando acontecia isso eram MATA, MATA, MATA e tinha que mudar de cidade. Até chegar num lugar que a mulher se apaixona por um sargento e some com ele. O Antonio fica doido e desbunda, saiu andando feito um maluco. Ele não se vingou como fez Euclídes da Cunha... a mulher do Euclides foi viver com o Dilermano, um oficial do exercito que era mais jovem que ele e o Euclídes foi com um revólver para tentar matar Dilermano. Ele não aprendeu nada com o Conselheiro porque este fez diferente... em vez de matar os homens que ficavam com a mulher dele, ele foi se dando e foi se dando ao mundo, começou a andar, comprou uma roupa daquele algodão azul... eu fiz o papel do Antonio Conselheiro e aprendi muito com esse cara. Na USP dizem do messianismo brasileiro e blábláblá... não é nada disso. Ele fez a segunda cidade maior da Bahia com 25 mil habitantes. Se ele estava preocupado com o céu na terra e ele conseguiu uma comunidade de uma organização tremenda, pessoas que se auto-organizavam. Ele não cuidava de nada, ele apenas falava como um pajé. Quem quiser seguir, segue. Quem não quiser seguir, não segue. Tinha os que se ocupavam da guerra, os que ocupavam da igreja, da comida, das roupas, uma organização autogerida. Esse povo foi todo fugido para lá porque, quando veio a república quiseram cobrar impostos numa cidadezinha e o povo... por exemplo, impostos sobre quem tinha carneiro, quem tinha um bode, quem vendia comida no mercado, aí houve uma rebelião popular. Houve uma rebelião violenta e os seguidores do conselheiro fugiram com ele para um lugar onde se escondiam os bandidos, no centro da Bahia, um lugar muito seco, terrível. Pouso Tabú, o lugar onde ninguém ia, um esconderijo. No teatro a gente estuda muito, foram praticamente 10 anos dedicados tanto a construir e mostrar as 5 partes da peça no Brasil, na Alemanha.

Na linguagem da época falavam raça inferior mas não se tratava de racismo. Eu sempre soube que eu sou de uma raça inferior. Adoro ser de uma raça inferior, assim somos chamados. Eu sou descendente de índio, de Celta, imigrante pobre da Itália e da Espanha. Sou um vira lata. Mas todo vira latas tem qualidades que as pessoas que são do sangue puro, do sangue azul nem imaginam. Os que colonizam nem imaginam porque colonizar é chegar no lugar, tomar o poder com armas e evangelizar. Hoje tem a evangelização e tem a tomada de poder.

O Brasil hoje é um grande Canudos. Quando a guerra acabou, os soldados voltaram para o Rio de Janeiro que era a capital e não receberam o soldo por seus trabalhos. Então, foram morar no morro e, a exemplo do que viram em Canudos, denominaram Favela[2]. E hoje, aquela imensa favela e aquele imenso litoral é O Sertões. Está em tudo hoje no Brasil esse povo que agora tomou o poder, um povo ignorante, nem imagina... olha, Are Reté, você precisa dar uma aula para eles. Eles acreditam em mito, são estúpidos. Eu tenho 82 anos e nunca vi tanta ignorância no Poder, nem no período militar. Essa ignorância é prepotente, ela se arma, ela quer colonizar e ela tem uma religião para colonizar. O capitalismo descobriu uma religião aqui que é o neopentecostal que espetaculiza, faz as pessoas quererem enriquecer, uma revolução do dinheiro. Para ficar rico tem que ser pentecostal... só pensa em dinheiro. Só tem $$ na cabeça, não vê as coisas como são.

O Brasil está sendo recolonizado pelas igrejas evangélicas. Eu sei que tem exceção mas a maioria é colonizadora porque mistifica... pra ficar evangélico o cara não precisa fazer nada, ele se torna e começa a pregar besteira para as pessoas. Quer fazer a cabeça para a pessoa ficar rica. A primeira coisa a fazer é ficar rica, é se vestir de escuro. No sertão as pessoas de chinelo, à vontade, e os evangélicos vestidos de preto, de terno e tal. Tem que subir na vida com a bíblia do lado. A bíblia não é nada perto dos Sertões. Os Sertões é um ensinamento muito maior que a bíblia para nós brasileiros. Poque a bíblia depende de você acreditar num messias que vai chegar. Isso não existe. Oswald de Andrade escreveu uma tese filosófica, A crise da Filosofia Messiânica[3], que não passou na USP, a crise da filosofia messiânica: não tem messias, não tem uma coisa que virá do além, não tem um mito (o mito micou, micou). Mas a colonização está se dando sempre através dessa religião messiânica que é a religião do dinheiro mesmo. Isso entra na cabeça da pessoa e ela vira burra mesmo, a pessoa não conhece nada além da bíblia e... então só o messias mesmo para salvar, mais nada. E, pior, o messias é o dinheiro porque é ficar rico. Deus é um cifrão, na cruz está enrolado um cifrão como o símbolo. As pessoas rezam pela cruz do cifrão. É JESU$. Essa é a colonização agora.

A pessoa perde a cabeça, perde a autonomia, perde o corpo, não sabe de si. É como diz o Luiz Melodia: não sabe das coisas.

Tente entender esse seu novo engano[4].

Luiz Melodia foi preciso na filosofia sobre as coisas: é preciso saber das coisas como a Are Reté sabe das coisas, sagra as coisas, inventa em torno das coisas.

 

Fala de Jenifer Nascimento, pela mandata de Érica Malunguinho, deputada estadual por SP, primeira deputada trans do Brasil. 

 

- Microfone aberto, provocações e falas posteriores.

Are Reté: Quando eu falo de nossos saberes, do nosso corpo, usando as tecnologias, é importante nós indígenas se reinventar. Mas reinvenção dá ideia de civilização. Ainda bem que nós não somos civilizados totalmente no Brasil. Estaríamos perdidos. Como se diz em português, estaríamos ainda mais fodidos. E a nossa resistência enquanto quilombo, enquanto indígena, os indígenas aldeados enfrentam a questão do suicídio mais de perto por que? Porque a agressão aos indígenas é de muitas formas... na aldeia está sua sabedoria, sua resistência, nossa forma de estratégias de resistir também está ali, nossa sabedir aiestá ali. Quando se fala ‘emburreceram a gente’, eu entendo: quando você não consegue ouvir o outro, você está sendo colonizador. A escola faz muito isso: você estuda a questão de outo lugar mas nunca... sou professora. A gente não estuda a história local, não estuda a história do estado... A gente quer discutir, quer saber da guerra mundial. A gente está vivendo lá ainda... para cegar a gente. Para a gente não resistir, iludir a gente, nos levar a pensar que ficaremos rios. A nossa sabedoria é super importantes. Para você saber criar outra estratégia. Mas eles estão fazendo com a gente há muitos anos, por exemplo: eu moro na cidade, percebo que matam...

Vou dar o exemplo da Aldeia. Em 2016 foram assassinados 3 adolescentes. Não tem mais mata ao redor da nossa aldeia, o que tem é fazenda com rio, com mata, com gado numa terra enorme. Do nosso lado não tem mais nada. Mas para existir nosso ritual, os meninos começaram a pular a cerca... para chegar no rio tem uma cerca. Onde os meninos vão aprender a nadar, construir um corpo paciente? Mas os fazendeiros mataram e depois alegaram que os meninos invadiram a fazenda para roubar. Mas roubar o que no rio? Mataram os meninos e ninguém foi preso... A coisa vai por aí. Os meninos se sentem inúteis, literalmente, porque não tem mais o que fazer dentro da aldeia. Eles vão se matando. Eu ouvi dizer: Não larga a mão de ninguém... e um desafio. Realmente temos que pegar a mão do outro, mas respeitando a diferença, e isso é um grande desafio para todos nós. Pegar a mão e respeitar o limite do outro. Se o indígena não consegue chegar aqui, alguém tem que falar.

Eu corro para lá e para cá falando sobre as mulheres indígenas. As mulheres indígenas no Brasil não discutiram o que é ser mulher indígena porque ainda estamos discutindo o genocídio, a discriminação que a gente sofre. Por exemplo, quando eu chego arrumadinha, bonitinha como estou agora, entro em qualquer lugar, todo mundo fala comigo em espanhol. Ou sou peruana, ou colombiana, menos brasileira. Isto significa o nosso apagamento, somos desconhecidas, discriminadas e sequer lembradas. Então é uma coisa muito terrível, mas as mulheres tem uma questão, o nosso corpo é o chão, a gente resiste. Lembrei quando o José Celso falou que na nossa língua as mulheres são loucas naturalmente. Nós somos loucas mesmo. A gente arrasa quando quer arrasar! Somos malucas e poderosas. Maluquice também quer dizer o poder.

Para piorar, bem recentemente, 3 parentes indígenas foram presos por policiais ambientais. Eles foram tirar taquara, instrumento típico para as mulheres, mas os homens que buscam na mata. Não tinha no entorno da aldeia, eles pegaram 3 taquaras cada um no total de 9 taquaras. Foram presos e obrigados a pagar 5 mil reais por danos ambientais... como é isso? É muito violento. Como a gente vai reverter essas questões. Estou pedindo pra vocês pensarem conosco como construir um processo de reverter isso.

Os parente presos foram no Paraná. Os meninos que se suicidam são do Mato Grosso do Sul.

 

Zé Celso

É importante que esta fala chegue lá nesses lugares. Porque tem muita gente no Brasil e no mundo procurando soluções para essas questões. Descobre-se maneiras de trabalhar isso. Agora é preciso que isso chegue em muitos lugares. O que é dito aqui devia ser muito divulgado nacional e internacionalmente. Porque é um saber novo e que salva a vida.

 

Are Reté

Os fazendeiros não foram presos. Alegaram que os meninos pularam cerca pra roubar. Por legítima defesa, 3 crianças foram assassinadas. Crianças com vara de anzol e homens com revolver. Se eu não falar, isso não aparece. E quando alguém conta isso diz: são vagabundos, não trabalham, só roubam.

Além de a gente sofrer violência e apagamento, ainda aparecemos distorcidamente. A quem interessa isso? Aos próprios fazendeiros. Se isso também interessar ou não interessar a cada um de nós aqui, é bom a gente falar sobre isso e divulgar.

 

Zé Celso

O Lula[5] nasceu em Caetés, na região onde começou a história do Brasil Segundo Oswald de Andrade. Os índios Caetés devoraram o bispo Sardinha que ia para Roma buscar mulheres brancas para transar com os portugueses porque eles não queriam a mestiçagem. A história do Brasil começa quando os índios Caetés devoram o bispo Sardinha com toda aquela roupa... Eu fiz o bispo Sardinha no Sertões. Então você tem que descascar aquele bispo inteiro para comer, descasca e come. Isso é o Brasil, é a antropofagia e o Oswald diz que começa aí a história do Brasil e não na primeira missa. O Lula nasceu ali. Ele é um ser em transformação permanente. Veio de pau de arara para SP, foi líder sindical, de líder sindical passou a ser uma das figuras mais importantes no final da ditadura onde os movimentos sindicais passaram a ter uma relevância política muito grande. Foi candidato várias vezes a presidência da república, foi fakeado pela Globo no debate com o Collor. A Rede Globo cortou as falas dele e montou toda uma coisa a favor do Collor. Ele venceu as eleições em 2002, ano que abriu para uma perspectiva que o Brasil não tinha. Ou melhor, teve um pouco no Getúlio Vargas e no Jango[6]. O Jango ia fazer uma coisa maravilhosa, Jango, Brisola, iam fazer reformas de base que ainda hoje são necessárias. Eram latifundiários mas tinham a compreensão política da necessidade do Brasil. Não tinha comunismo, nada disso, isso foi uma invenção para viabilizar o golpe de 64. Eu era do PTB jovem, um partido com relação com o mundo inteiro, negociava com a URSS, com EUA, Índia, Cuba, África, tinha uma posição independente no mundo. Não tinha nada a ver com comunismo, era uma democracia social forte por reformas. Os militares deram um golpe com a desculpa que era comunista, fizeram a caça aos comunistas. Mas era uma visão brasileira que a geração do Darcy Ribeiro, Lina Bardi, Celso Furtado, que foi construída. Tive uma sorte incrível de viver essa experiência, de conhecer os Institutos de Estudos Brasileiros[7], porque a gente estudava... O PTB, vocês nem imaginam o que era, muito diferente o partido de hoje que é um lixo, naquele tempo o PTB era um grande partido.

Mas o Lula é eleito. Em 2002 começou uma revolução no Brasil. Uma grande transformação no Brasil. Pela primeira vez chegava alguém preocupado com a distribuição da renda e com a cultura, uma coisa ligada a outra. Imagina que para ministro da cultura ele escolhei o Gilberto Gil, um tropicalista, um antropófago. Poque o PT tinha um programa terrível, Stalinista, careta mesmo. E ele abdicou. Engraçado, numa conferência de apoio a candidatura do Lula no Pão de Açúcar, eu disse para o Lula: a coisa mais importante é o ministro da Cultura e não o ministro do dinheiro, do Banco Central... o ministro que cuida do dinheiro. Não! Importante é a cultura. Eu não sei se ele me ouviu mas ele escolhei o Gil. Antropófago, nada a ver com a coisa stalinista do PT. Lula deu um chute naquele programa. Colocou o Gil e depois o Juca de Oliveira, um ecologista. Eu recebi no candomblé internacional, eu recebi o título de Exú senhor das artes cênicas, que é o título que eu mais me orgulho. O Juca recebeu o título de senhor das florestas, Oxóssi. Foi uma época cultural maravilhosa, corremos o Brasil todo com os Sertões. Chegamos em Canudos, Quixeramobim, terra do Antônio Conselheiro. Fomos para o exterior. E fizemos outros circuitos com as dionisíacas, as peças bacantes. Um momento para o cinema, para o teatro.

Nessa época, o Lula não tinha um olhar forte para os índios. A própria Dilma foi construir Belo Monte sob protesto dos índios. Eu me lembro de um comício quando o Lula era candidato, ali no Rio de Janeiro, e a Sônia Guajajara fez o maior sermão pro Lula... vocês não fizeram nada por nós! Na tremenda eloquência dela, maravilhosa. Lula foi concordando, ficou bobo, pediu para ela sentar do lado dela. Acho que o Lula nesta tragédia de ter sido retirado pelo Moro da eleição, de ser preso... O moro cometeu um crime, é o maior corrupto porque corrompeu a democracia... o Lula seria eleito mas a própria prisão, o Lula está lendo muito. O Lula é um cara em movimento, ele está crescendo cada vez mais e ele, com o sofrimento que ele teve na prisão, que ele aceitou, ele assumiu a prisão para defender a própria inocência, e tudo o que ele agora conhece sobre os indígenas que ele não conhecia, porque ele vem da terra dos índios. Mas atualmente ele está ligado a todos os movimentos. Porque os movimentos cresceram no Brasil também: negro, indígena, diversidade sexual, movimento das mulheres... a maioria da população brasileira. Lula é receptivo, é um democrata, ele sabe negociar, sabe dirigir um país. Tanto que apesar de ser um governo cujo vice era ligado ao sistema colonial, ele gostava, ele conseguiu fazer o Brasil se comunicar com a África... era considerado um crime ele ter levado a Odebrecht para a África, para Cuba, porque não admitem essa política maravilhosa do Celso Amorim que hoje está nas mãos de uma besta, nem sei o nome do idiota, terraplanista, ignorante. Não sabe das coisas, não sabe de nada. Enfim, tem que sair de cena.

Eu tenho a impressão que o Lula está pronto para reassumir uma democracia que contemple tudo isso agora, o movimento indígena, os movimentos todos... agora não é mais operários, com dia o Marx Selvagem, na luta dos indígenas eu coloco toda a luta porque os indígenas são negros e indígenas. Os índios não se deixavam escravizar e isso foi muito bom. Os negros foram trazidos à força, é ainda pior. os negros são ex escravos, o problema maior para mim é a dívida que não foi paga pelo trabalho escravo que foi feito, eles construíram todo o Brasil colonial e nunc a ganharam um tostão. A abolição liberou mas deixou numa situação muito difícil. A escravidão é uma coisa de colônia...

No movimento que está acontecendo aqui hoje e no Brasil todo, o maior movimento de massa foi aquela maré dos estudantes, foi muito forte. É preciso ter confiança, acreditar nisso e lutar poque, no sentido desta multiplicidade. Ao mesmo tempo que nós estamos batalhando contra isso, nós estamos aprendendo com os índios, com os negros, com os travestis, estamos aprendendo com as mulheres. A gente é outro porque a gente não resiste, a gente reexiste. Para enfrentar um poder forte você não pode ficar (lamentando): podem me prender, podem me bater... não, você tem que se inventar de novo, a cada vez e sempre. Nós estamos nos reinventando aqui e agora, em Paraty e num barco pirata. Aqui é um passo avançado, aberto, escancarado: barco pirata. Nós estamos de além do bem e do mal.

 

 



[1] Antônio Vicente Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro, nasceu em 13 de março de 1830, na atual cidade de Quixeramobim, no Ceará.

[2] A origem do termo "favela" encontra-se no episódio histórico conhecido por Guerra de Canudos. A cidadela de Canudos foi construída junto a alguns morros, entre eles o Morro da Favela, assim batizado em virtude da planta Cnidoscolus quercifolius (popularmente chamada de favela) que encobria a região.

[3] https://antropofagias.com.br/2020/05/14/a-crise-da-filosofia-messianica/

[4] Referência à canção de Luiz Melodia, Pérola Negra. Disponível em < https://www.youtube.com/watch?v=8YO4wP0aC6o>

[5] Referência a Luís Inácio Lula da Silva

[6] João Goulart.

[7] Deve estar se referindo aos CEBs – Centro de Estudos Brasileiros


[1] Nota: encontrei referências a um conhecimento sísmico dos Guarani nesta região.

[2] Ela está provavelmente se referindo à praia de Itaorna em Angra dos Reis/RJ. Originalmente uma aldeia onde foi construída a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto. https://pt.wikipedia.org/wiki/Praia_de_Itaorna

[3] a grafia está imprecisa.

[4] Talvez essa não seja a grafia correta. 



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