Farsas eleitorais

Não é novidade que várias eleições são definidas pelo marketing. Foi assim em 1989 quando a maioria foi convencida de que Collor representava novidade, mudança, progresso. Foi assim que convenceram o eleitorado paulistano que Pitta era um homem de luta e que representava São Paulo. Foi assim que um candidato de trajetória no mínimo duvidosa foi eleito escondido na ideia de que São Paulo já sabe que o prefeito é Kassab. Quem?!

A prática de falsear a realidade e ludibriar o eleitorado com estratégias de marketing é ação comum dos partidos da chamada direita no Brasil. Vejamos alguns exemplos: o Partido de Kassab foi Arena, partido que sustentou a ditadura, depois virou PDS (Partido Democrático Social) onde se reuniram as oligarquias mais conservadoras, virou PFL (Partido da Frente Liberal) e agora, tentando apresentar-se simpático à sociedade, ressurge como Democratas. Democratas? Chega a ser ofensivo à origem grega da democracia (demo: povo; cracia: poder).

Durante a campanha eleitoral, Kassab também atacou a gestão Marta (2000-04) dizendo que ela não acabou com as escolas de lata. O que Kassab não disse é que as escolas de lata foram criadas nas gestões Maluf (1993-96) e Pitta (1997-2000), que contaram com a participação do mesmo Kassab. Foi, por exemplo, Secretário de Planejamento de Pitta, que por sua vez foi secretário de Finanças do Maluf. Como diria o Dudu Nobre: “Essa família é muito unida...”

Além de acabar com muitas escolas de lata, Marta criou os CEUs (Centros de Educação Unificada), grandes escolas que oferecem aos alunos e à comunidade mais do que aulas tradicionais, garantia também cursos de artes, cinema, opções de cultura, esporte e lazer, priorizando áreas mais necessitadas a partir de um estudo profundo a partir do ‘mapa da exclusão social . A aliança PSDB-PFL/DEM, incluindo Pitta, Maluf, Kassab, José Serra, Geraldo Alckmin, e suas bancadas legislativas, foram contra a criação dos CEUs. Acompanhamos os debates na tribuna da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo no período da implantação da política dos CEUs quase que diariamente. Hoje, política pública consolidada, significa um avanço significativo para a população paulistana, especialmente aos/às mais desassistidos pelo poder público.
Os CEUs foram criados, mudaram para melhor a vida de muita gente. Em 2008, Kassab mostrava os CEUs no seu programa eleitoral dizendo que foi ele quem fez.

Em Suzano, município da zona Leste de São Paulo, um candidato prometeu de tudo nas eleições de 2008. Concorria à chefia do poder executivo pela quinta vez. E, só para variar, tentava capitalizar politicamente para si as conquistas populares implementadas pelos governos do campo democrático-popular cujas políticas estão coerentes com o projeto de construir uma sociedade justa, democrática e igualitária. Para o PFL/DEM não passam de peças publicitárias eleitorais.

Essa prática está ficando manjada... Segundo a Folha de São Paulo (03/02/09), o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro pediu às emissoras de TVs Globo e Bandeirantes informações a respeito de campanhas publicitárias da Sabesp veiculadas no Estado. Na resposta da Globo, a agência Nova S/B pagou um total R$ 7,450 milhões para patrocinar a campanha que contava com inserções em rede nacional. Ainda segundo a matéria, o então presidente do TRE-RJ, desembargador Alberto Motta Moraes, ficou surpreso ao ver a inserção na Band. É uma empresa pública estadual, sem prestação de serviço no Rio. Tive contato com o presidente do TRE do Amapá, onde também houve esse tipo de propaganda. Ele vai adotar a mesma providência. Vamos entrar em contato com o Ministério Público Eleitoral. O Tribunal Superior Eleitoral também será informado, disse Moraes.

O TRE quer analisar eventual uso da máquina em benefício de possível candidatura do governador José Serra (PSDB) à Presidência da República. As inserções foram exibidas pela rede Globo duas vezes por dia, durante 45 dias, de dezembro a janeiro. O mesmo José Serra que prometeu investimentos públicos em Suzano condicionando-os à eleição do seu candidato em 2008, que foi derrotado. E agora, José? O povo ainda espera os investimentos públicos prometidos.

Ivan Rubens Dário Jr

Publicado no Jornal Cidade de Rio Claro em 11 de março de 2010
Publicado no sítio do Jornal Cidade de Rio Claro
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