Por um pouco de poesia

Neste último artigo de 2006, peço licença para brindar o ano novo com um texto provocativo. Embora paire uma controvérsia em relação à autoria da obra, por muitos creditada ao poeta gaúcho Mario Quintana e por outros assegurada à escritora Martha Medeiros, o conteúdo é da melhor qualidade e nos faz refletir sobre nossas existências. Decerto não terá nesse detalhe a redução na importância da mensagem.

FELICIDADE REALISTA
A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote
louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.
Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser
magérrimos, sarados, irresistíveis.
Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema:
queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa 5 estrelas.
E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos
conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar
pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente
apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes
inesperados, queremos jantar a luz de velas de segunda a domingo, queremos
sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito. É o
que dá ver tanta televisão.
Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista.
Ter um parceiro constante, pode ou não, ser sinônimo de felicidade. Você
pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um
parceiro, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando
se trata de amor-próprio.
Dinheiro é uma benção.
Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo.
Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se
sentir seguro, mas não aprisionado.
E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda,
buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e
um pouco de criatividade.
Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável.
Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato,
amar sem almejar o eterno.
Olhe para o relógio: hora de acordar.
É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza,
instiga e conduz mas sem exigir-se desumanamente. A vida não é um jogo onde
só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas
desta tal competitividade.
Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as
regras, demita-se.
Invente seu próprio jogo.
Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça de que a
felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir
embora por não perceber sua simplicidade. Ela transmite paz e não
sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca inquietude no nosso coração.
Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade...

A avaliação do Orçamento Participativo em Suzano

Em nosso último encontro, discutimos o início do processo de avaliação do OP em Suzano. Durante a manhã deste sábado, acontece a segunda etapa com a reunião do Fórum dos Representantes (grupo formado por conselheiros e representantes eleitos nas 12 plenárias regionais deliberativas). Essa população de aproximadamente 90 pessoas é responsável por concluir a avaliação que aponta para a construção do OP 2007.

Avaliar é observar um dado momento, percebendo sua proximidade ou distância do projeto que almejamos construir. Processos de avaliação são momentos coletivos, participativos, livres para a crítica e, fundamentalmente, espaços de formulação dos próximos passos. É relembrar os pressupostos de nossas ações e planejar o futuro.
Nesse sentido, a avaliação do OP de Suzano é o momento de analisar o processo vivido, percebendo uma das formas que a participação popular se realiza em nossa cidade.

São muitos os sujeitos que construíram (e ainda constroem) essa história e diversos são os olhares que a compõem no enorme esforço de fazer sínteses das divergências. Buscando alargar a democracia na forma de gerir a cidade, dividindo a responsabilidade de responder aos problemas existentes e resgatando o sonho de viver em uma cidade cada vez melhor. Os sentidos se deslocam do particular para o coletivo, do bairro para a cidade. É o povo transformando a cidade e se transformando com a cidade.

Durante as duas últimas semanas, conselheiros e conselheiras do OP organizaram reuniões nas suas respectivas regiões para informar sobre os trabalhos desenvolvidos pelo CORPO (conselho do OP), prestar contas das decisões contidas no plano de investimento, explicar o processo de avaliação do OP e fomentar a participação de todos. Afinal, tanto melhor será o OP quanto mais plural e diversa a observação da história que se constrói. Acompanhamos as reuniões e percebemos quanta coisa boa o OP propiciou às pessoas.

Com a avaliação do OP e com a votação da Lei Orçamentária Anual 2007 que deve ocorrer nos próximos dias na Câmara Municipal, encerramos uma etapa importante desse processo. Seguramente há muito a ser revisto, mantido, aprofundado, aprimorado e incorporado. E essa experiência deve ser feita com participação e criatividade. “Antes de mais nada a gente tem que se sentir orgulhoso, porque o OP vai servir de modelo para os conselhos gestores da saúde”, advertiu Valter de Souza, conselheiro da Região Bromélia.

E é desse processo que resultará a organização e planejamento do ciclo 2007.     

Bem, agradecendo às inúmeras manifestações de apoio recebidas pelo último artigo, encerro novamente com saudações tricolores...