Sinto que estou no vórtice do furacão
Sou tragada pela fúria incandescente do dragão
Esta cidade que me oferece tudo, exige contrapartida:
tira minha energia
A luta fere
Cobra um preço fatal
Mesmo assim luto pelos que sofrem
Sem perceber o sofrimento penetrando
Lenta e cotidianamente
E meu tempo, nesta cidade com pressa, é sofrimento
Para viver
não tenho tempo
Para andar
não tenho tempo
Para alegria
não tenho tempo
Para música,
quase não tenho tempo
Mas tenho amigas.
Conto com elas p extravasar
No bar
Para falar de tudo: da luta, do trabalho, do sofrimento
Sofrimento dos outros, é claro
E das frustrações travestidas de que?
De luta
Filha da luta
Filhas de luta
Filha ...
Não aguento mais, rapaz
Recorro
Até lembrar que a luta exige: eu te odeio,
rapaz
Você me oprime
Me faz sofrer
Machista
Opressor
Séculos de patriarcado estão em você
Vamos matá-lo para acabar com tudo isso
E escrever uma outra história
Quem sabe um patriarcado de outra cor
De outro gênero
Preciso do patriarcado para sobreviver
Preciso da luta para sobreviver
Porque talvez ainda não possa viver
Pra que tanto céu?
Pra que tanto mar?
Sinto que a loucura está entrando em mim
Ela está me ocupando
Descobriu as fissuras do meu corpo
Respiro a loucura
Vejo a loucura
Como a loucura
Ouço sua voz me chamado…
Ela já abriu seu caminho
Fez picada na minha mata virgem
A máquina de produzir doenças me quer matéria prima
Anima?
Desanima
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