Lara, Lara, Lara... Ivone

Assim começa a canção Lara de Martinho da Vila e Zé Catimba. Quando pega no cavaco / sai divina criação / vai brotando na garganta / o que vem do coração. Criou tanta obra-prima / pra se cantar com prazer / o Império, a Serrinha / e o canto do tiê. Tiê, canta pra Ivone.


Uma das homenagens à dama do samba aconteceu no Centro Cultural da Juventude da Vila Nova Cachoeirinha, zona Norte de São Paulo. No esforço de preservação das raízes culturais afro-brasileiras, o anfitrião Moisés da Rocha, produtor cultural, pesquisador e apresentador do excelente programa O Samba Pede Passagem na rádio USP FM (93,7), chamou ao palco Fabiana Cozza que cantou para receber Ivone. Em conversa com Moisés, a constatação de que Suzano é exemplo na gestão de políticas públicas na área da cultura, e as justas referências ao prefeito Marcelo Candido e ao secretário de Cultura Walmir Pinto, lembrança dos sambistas da região como Rabicho e Xavier, e o setorial de cultura vinculado ao mandato do deputado estadual José Candido.


Yvonne Lara da Costa, ou Dona Ivone Lara, é carioca nascida em 13 de abril de 1921. Formada em enfermagem com especialização em terapia ocupacional, foi assistente social, trabalhou em hospitais psiquiátricos. Criada pelos tios, conheceu o samba e aprendeu a tocar cavaquinho. Foi aluna de Lucília Villa-Lobos e recebeu elogios do maestro Villa-Lobos. Casou-se com Oscar Costa, filho do presidente da escola de samba Prazer da Serrinha. Com a fundação do Império Serrano em 1947, passou a desfilar na ala das baianas. Compondo, tornou-se a primeira mulher a fazer parte da ala dos compositores de escola de samba. A aposentadoria em 1977 permitiu dedicação total à carreira artística.


Aposto que você conhece: Sonho meu, sonho meu / vai buscar quem mora longe, sonho meu... E essa então? Foram me chamar / Eu estou aqui, o que é que há / Eu vim de lá, eu vim de lá pequenininho / Mas eu vim de lá pequenininho / Alguém me avisou pra pisar nesse chão devagarinho... Ou ainda: Um sorriso negro, um abraço negro / traz felicidade...


Mas quem disse que eu te esqueço, Acreditar, Enredo do meu samba ou Tendência são canções obrigatórias em toda roda de samba que se preze. A propósito, o Império Serrano irá pra avenida em 2012 com Dona Ivone Lara: O enredo do meu samba.


Ivone Canta. Na garganta de Ivone Lara, emoções e o coração se transformam em palavras. Aos 90 anos de idade e esbanjando vitalidade, a dama estava no palco. É de se perguntar quantas vezes isso aconteceu nesses 60 anos de carreira. Mesmo ela deve ter perdido a conta. Sentada ou em pé, regendo a platéia ou puxando as canções e os sambistas, com o carinho de Bruno Castro, seu neto, seu anjo e seu banjo. A voz trêmula demonstra os sinais do cansaço, mas a beleza, o talento e a simpatia, o amor que devota ao samba convocam à celebração da vida, irradiam alegria e felicidade. Ivone encanta.


A segunda estrofe da canção do Martinho (que está no bom CD Lambendo a Cria) diz assim: Com a luz da poesia / maravilhosas canções / uma fonte de emoções / samba, tá ginga, tá na mente / ela é o chão e a semente. É importante dizer / com certeza, faço parte desses que amam você Dona Ivone. Lara, Lara, Lara... Ivone.


Eu também.

Publicado no Jornal Diário de Suzano em 18 de agosto de 2011 



Sonho meu, com Paula Lima

Alguém me avisou e Tiê, com Martinho da Vila e 'família'

Sorriso negro no CCJ

Mas quem disse que eu te esqueço e Acreditar, com Beth Carvalho

Tendência, com Fundo de Quintal

Enredo do meu samba, com Maria Rita

Candeeiro de vovó

Várias, no programa Sr. Brasil

várias do CD Lambendo a cria. Lara está nos 3 minutos e pouco

2 comentários:

  1. Ola Ivan!
    Parabéns pelo artigo sobre a nossa grande Dona Ivone Lara! Lamentei não ter estado no evento que citou, nem fiquei sabendo. Adoro Dona Ivone e me entristece ver que ela está ficando velhinha....

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  2. Parabéns pelo artigo sobre a nossa grande Dona Ivone Lara! Lamentei não ter estado no evento que citou, nem fiquei sabendo. Adoro Dona Ivone e me entristece ver que ela está ficando velhinha....

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