Amarelo

Ela chegou.

Era amarelo, longo e lindo o vestido.

Tecido no mais fino linho, talvez algodão. Talvez ceda, não sei. Talvez. 

O tecido importa menos. Importa mais a tecelagem.

Não a da peça, mas a tecelagem em pessoa: ela é muita gente. 

Ela tece, tece linhas de vida. Tece fios de afeto, insana.

Artesã, romã, coração e cabeça, ela não está sã. 

Curaçau, cacau, 

maravilhosa vista aérea da dorsal.

o vestido quase não cobre as costas dela.

Bela, ela estava ali vestida de sol, vestida de sol.


Quando ela chega, somos como que atingidos pelo brilho do sol,

ela brilha à sol. Ela é Sol.

Solange? não.

Soledade? não.

Sol, assim, apenas sol. 


Ela despiu-se do sol.

Despida, o vestido que pouco cobria o verso do ventre

melhora

melhora

melhora a vista da dorsal.

Ela estava ali despida de sol:

é maravilhosa como cada raio de sol,

maravilhosa como cada raio de luar.

Luar e luau, ela traz consigo.

Ela é a festa, alegria, graça.

mesmo quando a graça é completamente sem graça, é ela quem traz

Ela é sol

Ela é lua

Ela é rio

Ela é fio

Ela é vida

A vida que se pretende viver.

Ela está livre. Ela foi. Um dia ela volta.

Talvez

Talvez



Nenhum comentário:

Postar um comentário