Oito de março é o Dia Internacional da Mulher. Dentre muitas manifestações de carinho, veremos mulheres recebendo botões de rosa, veremos a figura da mulher associada à imagem da virgem Maria, veremos supervalorização da dimensão materna. Isso não é aleatório, está presente na nossa cultura.
De acordo com a literatura judaico-cristã, milenar, a mulher foi feita da costela de Adão. Nem do pé nem da cabeça, mas da costela num claro sinal de companheirismo por estar ao lado, remetendo à ideia de igualdade entre homens e mulheres.
Bacana, mas é necessário olhar para uma realidade pouco romântica. Segundo o Dieese, as brasileiras correspondem a 41% da população economicamente ativa e mais de 1/4 das famílias são chefiadas por mulheres. Elas possuem maior nível de escolaridade que os homens, porém não ocupam funções compatíveis com sua formação, além de terem remuneração menor quando nas mesmas funções do sexo oposto. Então, qual o sentido do oito de março?
Nova Iorque, 1857. Mulheres organizaram uma greve por melhores condições de trabalho e contra a jornada de 12 horas. Conta-se que, ao serem reprimidas pela polícia, as trabalhadoras refugiaram-se dentro da fábrica. Os patrões e a polícia trancaram as portas e atearam fogo, matando-as carbonizadas.
Ainda nos Estados Unidos da América, 1911. O incêndio aconteceu na Triangle Shirtwaist Company, uma fábrica têxtil que empregava 600 trabalhadores, sendo a maioria jovens mulheres imigrantes judias e italianas. Morreram 125 trabalhadoras. Essa tragédia reforçou a luta de socialistas americanas e europeias na instituição do Dia Internacional da Mulher.
Rússia, 1917. Em greve geral, operárias saíram às ruas para reivindicar o fim da fome, da guerra e do czarismo. Nem imaginavam, mas no dia 8 de março elas inauguraram a Revolução Russa. Em 1975 a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu oficialmente o dia 8 de março como o Dia Internacional da Mulher.
Em Suzano/SP, onde trabalho, o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher junto ao poder executivo municipal, chefiado pelo geógrafo Marcelo Candido, organiza e oferece pelo sexto ano consecutivo uma ampla programação. Para além das comemorações, um mergulho nas reflexões sobre a situação da mulher, sobre sua vida, seu presente concreto, seus sonhos, seu futuro. Espero que em Suzano, em Rio Claro e em todos os lugares 8 de março seja um dia para pensar, repensar e organizar as mudanças em benefício da mulher e, consequentemente, de toda a sociedade em favor da justiça e da igualdade. E o restinho do ano? 364 dias para mudar comportamentos e transformar a realidade.
Ivan Rubens Dario Jr
Publicado no Diário de Suzano
Publicado no Jornal Cidade de Rio Claro em 03 de março de 2010
Publicado no sítio do Jornal Cidade de Rio Claro