A estrela de Israel
É de Chico Buarque de Holanda a canção INJURIADO que está no álbum Carioca lançado em 1998. Envolta num episódio no mínimo curioso, a canção diz assim:
Se eu só lhe fizesse o bem / Talvez fosse um vício a mais / Você me teria desprezo por fim / Porém não fui tão imprudente / E agora não há francamente / Motivo para você se injuriar assim. Dinheiro não lhe emprestei / Favores nunca lhe fiz / Não alimentei seu gênio ruim. Você nada está me devendo / Por isso, meu bem, não entendo / Porque anda agora falando de mim.
Garantida a aprovação da emenda constitucional que permitiu sua reeleição, em conversa com Mário Soares, ex-presidente de Portugal, Fernando Henrique Cardoso disse que Chico Buarque era um artista da ‘elite tradicional’. “Quer ser crítico mas é repetitivo”, disse. Em 1994, Chico havia apoiado Luis Inácio Lula da Silva para presidente da república, enquanto Gilberto Gil e Caetano Veloso ficaram com FHC. Este, por sua vez, rasgou-se em elogios aos dois baianos. Ao torná-la pública, o tiro saiu pela culatra pois Gil e Caetano posicionaram-se a favor de Chico.
Quando do lançamento do álbum ‘Carioca’, em 1998, Chico foi bombardeado com perguntas relacionando a canção ‘Injuriado’ ao episódico FHC. Em resposta, afirmava que fulanizar uma questão que é política (Chico fez oposição ao governo FHC) é uma forma de banalizar a política. Bem manjada, diga-se de passagem. E disse: “Isso é uma piada, só rindo. Primeiro porque não fiquei injuriado com nada, segundo porque nunca vou chamar Fernando Henrique de meu bem”.
Um vereador à câmara municipal de Suzano (não digo o nome a favor da boa educação) tem o hábito de utilizar essa mesma estratégia contra quem discorda dele. Para esse jovem senhor, o símbolo mais apropriado certamente não seja uma estrela, como não é de fato. A cruz gamada parece mais apropriada.
E a canção termina repetindo a seguinte expressão: “Por que anda agora falando de mim? por que anda agora falando de mim?”
Ivan Rubens Dário Jr
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