Novamente escrevo uma carta onde deveria escrever um artigo. Explico: fui convidado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte para o I Seminário de Ordenamento Territorial oferecido pelo programa de pós-graduação em Geografia, com apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia. Por essa razão, escrevo da cidade de Natal.
Estive na capital potiguar pela primeira vez no ano de 1998, justamente na fase final da copa do mundo de futebol. Talvez os ventos alísios (ventos que ocorrem durante todo o ano nas regiões tropicais) soprassem no ouvido das duas pessoas que viajavam comigo o que estava por acontecer do outro lado do Atlântico e, por essa razão, acertadamente optaram por pegar uma praia em Ponta Negra exatamente na hora do jogo. Dessa praia é possível avistar o Morro do Careca, o Parque Nacional das dunas eólicas, pequenos paredões de falésias e pequenas formações de arrecifes, enfim, paisagem de cartão postal com exclusividade. Afinal, o Brasil inteiro (inclusive um amigo e eu) acompanhava pela televisão o “apagão” do Ronaldo, os gols do Zidane e a derrota para a seleção da França.
Sou graduado em geografia. Nas duas vezes que vim a Natal estive na companhia de geógrafos e geógrafas, mas desta vez, com a missão específica de contar para os estudantes de graduação e mestrado um pouco da minha trajetória profissional relatando especificamente duas experiências: a estruturação e funcionamento da Defesa Civil no município de Rio Claro e o Orçamento Participativo em Suzano. Em 2002, Rio Claro foi premiada pela Secretaria Nacional de Defesa Civil com a Comenda Cavaleiro, na categoria experiência municipal. Nosso OP, jovenzinho, estamos encerrando o segundo ano, mobiliza mais gente a cada ano, delibera com sabedoria fazendo escolhas responsáveis para o investimento do dinheiro público municipal, participa ativamente dos debates no Fórum Paulista de Participação Popular e na Rede Brasileira de OPs. É evidente que os resultados alcançados são fruto de esforços coletivos.
Bem, o seminário começou na segunda feira (3/12), se encerrou na quarta feira (5/12). Foi muito intenso no conteúdo dos temas apresentados e nos debates que se travaram.
Além das atividades na universidade, outros trabalhos foram possíveis. Dialoguei com o pessoal do OP de Natal. Importante lembrar que Natal também integra a rede brasileira de OPs. Trocamos experiências, falamos da metodologia adotada, do êxito dessa política pública ousada e, infelizmente, encarada por poucos municípios no Brasil. Enfim, uma rica troca de conhecimento que possibilita a criação de alternativas metodológicas para o avanço do OP nas duas cidades e, que aos poucos, conquista novos espaços e amplia a inter-relação da população com o governo.
Até na televisão me levaram para falar. Dei entrevista em estúdio, dei entrevista no anfi-teatro onde acontecia o seminário, falei com o pessoal da Prefeitura de Natal e, especialmente, com o pessoal da universidade. Além dos alunos, estagiários e bolsistas, conversei muito com os professores da UFRN e os professores que, também convidados, foram para participar do Seminário. Falei muito com a professora Maria Laura (USP/SP) Jairom e João Mendes (respectivamente representantes do Ministéio da Ciência e Tecnologia e ministério da Integração Nacional, Aldo Dantas da UFRN).
Mais que um convite, foi uma honra apresentar para uma platéia tão qualificada o que nós estamos fazendo em Suzano. E olha, vou dizer para vocês, o pessoal ficou empolgado.
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