Meu primeiro contato com Suzano em sua materialidade concreta foi no 2º semestre de 1996. Me lembro bem, chegamos pelo Miguel Badra, atravessamos a Cidade Boa Vista. Nada de GPS, celular e aplicativos de navegação. Usávamos uma tecnologia politicamente mais eficiente: perguntar para as pessoas na rua, assim ‘navegamos’ até o Jardim Revista. Na mão, um papel com o endereço anotado e alguns pontos de referência. Chegamos. Era, provavelmente uma sexta feira, talvez um sábado.
Depois de acomodado, saí para observar a paisagem urbana, sentir um pouco a cidade que já me agradava. Estudante de geografia, me esforçava em ler as paisagens urbanas, até que, ao escurecer, uma movimentação chamou minha atenção. Na altura da Padaria Sabor Mineiro havia um ato político-eleitoral, um showmício. Muitos candidatos a vereador sobre um caminhão palco. Em 1997, Estevam Galvão de Oliveira assumiu seu 3º mandato como prefeito de Suzano.
Frequentei Suzano habitualmente desde então, morei em Suzano por 10 anos. Em 2014 retomei minha vida acadêmica analisando a experiência do Orçamento Participativo em Suzano que aconteceu durante a gestão do prefeito Marcelo Candido. Era preciso me afastar para poder observá-la de outros ângulos, analisá-la sob outros aspectos. Desta pesquisa misturada com vida resultou o livro Pedagogias da Cidade - Corpos e Movimento. Corpos e movimento, corpos em movimento, cidade é movimento. Suzano está marcada nas minhas linhas de vida, nas relações afetivas, na minha produção subjetiva, na escultura do meu pensamento… Uma cidade não sai da gente mesmo que a gente saia de uma cidade. Talvez nem exista uma cidade, existam cidades, muitas cidades, multipli_cidades. Acho que apareceu a palavra que me faltava: multiplicidades. A cidade são muitas, diversas, complexas. Gosto de pensar com o geógrafo sino-americano Yi-Fu Tuan, a cidade como obra aberta. Isso mesmo, como materialidade do trabalho humano, coletivo e ao mesmo tempo singular, ou seja, de todas as pessoas e de cada pessoa que contribuiu com seu suor e sangue para Suzano ser o que é hoje, e será amanhã.
E por falar em amanhã, por pensar e sonhar com vida melhor para todos e todas que brotaram desta terra e ou levantaram deste chão, quero, com esta minha rápida passagem por este sítio, te convidar para construir conosco uma cidade colorida, mais bela, mais justa e democrática como a Suzano vista pelos olhos generosos do saudoso José de Souza Candido que falava desta cidade com brilho nos olhos e seu inconfundível sorriso. A cidade pode ser mais.
Ivan Rubens Dário Jr