O advérbio ‘quase’ é proposital. Claro
que não passo por lá todos os dias. Passo várias vezes por semana, sei lá
quantas, quatro ou cinco vezes. A paisagem também está ‘quase’ porque passa por
uma profunda transformação. Aquele lugar quase é o mesmo, mas não é. Isso
também serve para o sujeito da frase, para mim, e para você.
Paisagem e lugar são conceitos
geográficos. Para o geógrafo Milton Santos (1926-2001) a paisagem é expressão
materializada do espaço geográfico, é forma. “A paisagem se dá como conjunto de
objetos reais concretos”. Ao falar da força do lugar, Milton Santos qualifica
lugar como espaço produzido pela lógica das vivências cotidianas das pessoas e
a lógica dos processos econômicos, políticos e sociais. São fixos o arruamento,
os canteiros, as construções, e são fluxos os movimentos, o vai e vem
interminável das gentes. E por aí vai...
Voltemos então ao cruzamento da 7
com a 1. Lembra-se do pontilhão? Bem, mesmo que quisesse eu não poderia
esquecê-lo. No tempo em que atuei na Defesa Civil de Rio Claro, junto com
valorosos companheiros de trabalho estive várias vezes naquele que, de acordo
com a Política Nacional de Defesa Civil, era considerado um ponto de risco. A
passagem de veículos e pedestres que acontecia sob a linha do trem, acumulava
água nas ocorrências de chuva forte e concentrada, típicas de verão. Faço aqui
um parêntese para lembrar, com orgulho, que Rio Claro foi em 2002 referência
para os municípios brasileiros com a medalha nacional de Defesa Civil. A obra,
em fase final de execução, permite à Defesa Civil retirar mais um ponto do seu mapa
de risco.
Pois então, por muitas décadas o
pontilhão da avenida 7 permitiu idas e vindas, permitiu fluxos ligando dois
lados da cidade. Contudo, o incremento da vida urbana e o conseqüente aumento
de veículos e gentes tornou o pontilhão um obstáculo. Ele passou a estrangular
o fluxo e interditar o movimento. O fixo ‘pontilhão’ já não compõe aquela
paisagem.
Até pouco tempo atrás, muros e
obstáculos visuais limitavam o olhar. Agora, o olhar está mais profundo, tem
mais horizonte. Olhar a estação ferroviária daquela perspectiva provoca a
memória e traz lembranças da infância e das histórias que contam dos áureos
tempos da ferrovia. Disse minha avó: ‘uma obra que enfim está acontecendo’. Na
visão dela, o pontilhão da avenida 7 dividia a cidade em dois, um obstáculo à
circulação. Quase não é mais.
Importante decisão política da
atual gestão e mais um bom trabalho da Prefeitura. A obra está quase pronta e
está muito boa. Com jardinagem, folhagens e plantas ornamentais, a decoração
tornará ainda mais agradável meu caminhar. Além de melhorar o fluxo, os
movimentos, a cidade está ficando mais bonita. Caminhar faz bem para saúde, beleza
faz bem para os olhos e alimenta a vida. O povo merece!
Como diria o educador Paulo
Freire (1921-1997): “o mundo não é, o mundo está sendo”. A cidade está sendo.
Uma bela propaganda da atual administração de Rio Claro.
ResponderExcluirPorém, devo admitir que a construção atual, facilitará e muito a vida dos que vivem e visitam Rio Claro.
Além do alagamento e problemas de trânsito citados no texto, o fluxo de bicicletas por dentro do antigo pontilhão junto ao movimento dos carros, era uma potencial tragédia diária.
Diga-se se de passagem, pude ver diversos acidentes dessa natureza naquele lugar.
repeito o direito ao anonimato. mas considero a exposição sempre mais interessante. assumir posições políticas ajuda na construção diária e permanente da democracia. Particularmente quando de um comentário tão interessante como este acima.
ExcluirE concordo com a dificuldade e o perigo aos ciclistas quando passavam pelo pontilhão. certamente, não disponho dos números, foram muitos os acidentes envolvendo ciclistas.
Obrigado pelo comentário e pela contribuição ao nosso debate.