O coletivo Juarez Braga




É sempre bom lembrar / Que um copo vazio / Está cheio de ar. Assim começa a canção Copo vazio que Chico Buarque gravou no disco Sinal Fechado de 1974, seu primeiro disco como intérprete. Com canções de Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Tom Jobim, Noel Rosa, Nelson Cavaquinho e outros, destaca-se a doce canção O filho que eu quero ter de Toquinho e Vinicius de Moraes. A única exceção é Acorda amor, de Leonel Paiva e Julinho da Adelaide. Julinho, pseudônimo do próprio Chico, manobra para driblar a rigorosa perseguição que sofria da censura. O sinal estava fechado para Chico!


Copo vazio é de Gilberto Gil. "Eu estava em casa, sentado no sofá, já de madrugada. Tinha tomado um copo de vinho no jantar, e o copo estava sobre a mesa. Pensando no que é que eu ia fazer pro Chico, de repente vi o copo vazio e concentrei o olhar nele: O copo está vazio, mas tem ar dentro”, disse Gil. A canção continua: ‘Que o ar no copo ocupa o lugar do vinho / Que o vinho busca ocupar o lugar da dor / Que a dor ocupa a metade da verdade / A verdadeira natureza interior / Uma metade cheia, uma metade vazia / Uma metade tristeza, uma metade alegria...


Esta se organizando em Suzano o Coletivo Juarez Braga. Seu manifesto de fundação fala de avanços imateriais com a ampliação da democracia e da participação popular, do orçamento participativo, dos conselhos gestores e institucionais, da gestão pública transparente e do combate à corrupção. Fala da cidade concreta, das políticas de Cultura, da ampliação das redes de saúde e de educação, do serviço público de qualidade. Fala da superação definitiva da política do favorzinho que durante décadas prevaleceu em Suzano. Apóia e defende o governo Marcelo Candido, o melhor governo da história de Suzano, e do governo Dilma Roussef. Um coletivo político que se pretende amplo, suprapartidário, com foco no debate e na formação política permanente.


Juarez Braga nasceu em 26 de novembro de 1930. Passou a infância com os seis irmãos na fazenda onde os pais trabalhavam. Influenciado pelo pai, tomou contato com os livros. Ingressou no Partido Comunista Brasileiro, impôs-se um auto-exílio após o golpe militar de 1964. Com o objetivo de auxiliar na formação político-pedagógica de jovens e adolescentes, aos 64 anos de idade Juarez ingressou no curso de Filosofia da USP. Desde 2005, auxiliava na implantação da ‘gestão democrática na educação’ junto à Secretaria Municipal de Educação de Suzano onde permaneceu até seus últimos dias.


O material de divulgação do Coletivo mostra um Juarez sorridente e dois copos vazios sobre a mesa. Partilhamos várias vezes o vinho com ele, enchendo nossos copos com sua bebida predileta e com profundas reflexões. Um coletivo político com seu nome irá, certamente, encher muitos copos com nossa alegria e nossa dor, com nossa tristeza e nossa verdade. Não com uma verdade absoluta, mas com um processo de construção coletiva das análises e das formulações. E principalmente, com uma prática política renovada, cada vez mais democrática e participativa. Justa homenagem a um homem ético que adorava a vida, os livros, a música, as pessoas e lutava por uma sociedade justa e igualitária.


No dia 10/6, às 18h30 no Sindicato da Construção Civil, estaremos juntos para homenagear o saudoso Juarez Braga, do jeito que ele tanto gostava: discutindo, debatendo, fazendo política no melhor sentido da palavra. Com um pouco de música também, afinal agora o sinal está aberto...


Ivan Rubens Dário Jr e Luis Claudio Messa Longo


Publicado no Jornal Diário de Suzano em 07/junho/2011





Manifesto de fundação do coletivo Juarez Braba

Assinaturas em apoio à criação do coletivo Juarez Braga

Notas de apoio

COPO VAZIO - Gilberto Gil
 


O FILHO QUE EU QUERO TER - Toquinho e Vinícius
  

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